segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Aversão alimentar X “Ah não gosto disso”




Você já olhou um alimento e disse que não gosta sem ao menos provar? Ou não consegue de jeito nenhum comer algo devido ao cheiro, o sabor e a aparência? Será isso uma real aversão ou é apenas uma barreira que você criou para não comer determinados alimentos?
É comum as pessoas confundirem aversão alimentar com o fato de não gostarem de algum alimento, mesmo até sem tê-lo provado alguma vez. Essa atitude é bem comum em crianças, afinal elas ainda estão em formação de crenças e hábitos, mas em adultos isso também tem sido comum, você se identifica?

                A aversão alimentar na fase adulta está muito relacionada com os hábitos alimentares que adquirimos na infância, na verdade até mesmo antes de nascermos, ou seja, a percepção de sensação ou sabores desagradáveis, ainda na barriga da mãe, pode contribuir para uma aversão alimentar na fase adulta, e também o contrário também é verdadeiro, quando a mãe se alimenta de muitos vegetais, a criança tende a ter uma melhor aceitação desse alimentos, assim como o consumo excessivo de açúcar na gestação acarreta uma compulsão no bebê por alimentos doces logo ao nascer, podendo causar inclusive rejeição do leite materno. A dieta da criança nos primeiros anos de vida também é crucial para moldar os gostos e os hábitos alimentares durante a adolescência e a vida adulta. Mas não apenas a dieta, muitas coisas podem desencadear a aversão alimentar como fatores psicológicos, sociais, familiares e até religiosos.

                Mas antes de você listar milhares de alimentos aí na sua mente, você sabe mesmo o que significa aversão? Segundo o dicionário Aversão é: um sentimento de repulsa, algo que afasta de alguém ou alguma coisa. Os sinônimos de aversão são: nojo, horror, repulsa, asco, repugnância.
                E aí? Será que aqueles brócolis, aquela rúcula, ou aquele peixe, realmente te gera esse sentimento de repulsa? Ou será que você nunca experimentou? Ou talvez tenha experimentado apenas uma vez. Será que se você estivesse com muita, muita fome você deixaria de comer, só porque você “não gosta”? Imagine que estivesse há 48 horas sem se alimentar, e a única comida disponível é exatamente algo que você não é muito fã, ou é algo que você nunca comeu, ainda assim você deixaria de comer?

                Quando rejeitamos algum alimento com a desculpa de “não gosto disso”, sem nem ao menos experimentar, fortalecemos ainda mais o nosso preconceito com novos sabores e alimentos. Mas isso não é aversão, é apenas uma opinião, algo que já se tornou automático no cérebro. Mas é algo que pode e deve ser mudado. Chegar na vida adulta cheio de manias alimentares é normal e comum, mas é importante ter consciência dos riscos à saúde e abrir a mente. Costumo sempre dizer aos meus pacientes para que não tenham preconceitos com os alimentos, por mais diferentes que eles pareçam, mesmo eles sendo verde, amarelo, roxo, laranja e até mesmo rosa, mesmo sendo redondos ou compridos, amargos, azedos ou doces, mesmo com uma textura estranha, não devemos ter preconceitos. 

                O odor, o aspecto, a textura ou até efeitos que o alimento pode causar no corpo podem ser decisivos na hora de escolher ou rejeitar algum alimento, porém quando essa aversão é exagerada ela pode resultar em um transtorno alimentar chamado Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo. Uma alimentação inadequada provocada por esse problema pode acarretar graves problemas nutricionais, como deficiência de micronutrientes, diminuição da imunidade, dependência de suplementos vitamínicos, emagrecimento não saudável ou ganho de peso (devido à ausência na ingestão alimentos saudáveis e aumento na ingestão de junk food), queda de cabelo, dentre outros.


Aversão alimentar é diferente de ‘não gostar de algo’, mas ambos têm tratamento. Aqui vão algumas dicas:

1.       Derrube seus preconceitos, dê uma nova chance;
2.      Inclua aos poucos os alimentos em questão, se você tem uma lista grande, comece com 1 alimento novo por quinzena;
3.   Procure conhecer os benefícios que aquele alimento pode proporcionar ao seu organismo;
4.      Comece com pequenas quantidades;
5.     Use temperos para que a refeição fique mais prazerosa;
6.     Coloque este alimento na sua rotina alimentar, e não apenas em dias esporádicos;
7.    Com o passar do tempo e a melhoria na aceitação, inclua quantidades maiores e com mais frequência;
8.  Em se tratando de legumes e verduras, desafie-se um dia a experimentá-lo sem temperos, somente o vegetal em questão. (Seu paladar deve conhecer o real sabor dos alimentos).